Transferências bancárias pelo WhatsApp: o que se sabe até agora e o que falta explicar

WhatsApp deve lançar opção de pagamentos no Brasil em breve. — Foto: REUTERS/Thomas White

 O Banco Central (BC) liberou nesta terça-feira (30) transferências bancárias por meio do WhatsApp. Com esse aval, o aplicativo poderá oferecer um sistema de pagamentos em suas conversas – a data do lançamento, porém, ainda não foi definida.

O Facebook, dono do WhatsApp, foi aprovado como um "iniciador de pagamentos". A Visa e a Mastercard serão as intermediadoras das transações.

1. Como serão as transferências no WhatsApp?

Os pagamentos pelo WhatsApp vão funcionar direto do chat. Haverá uma função, no mesmo menu do envio de imagens, chamada "Pagamento".

O aplicativo, que pertence ao Facebook, apenas iniciará as transações entre contas dos clientes nas instituições em que são correntistas.

Para fazer transferências, o usuário terá que cadastrar o número do cartão de débito ou pré-pago de bandeiras Visa ou MasterCard.

O BC autorizou a Visa e a Mastercard para “arranjos de pagamento” abertos, como transferência, depósito, pré-pago e doméstico.

O WhatsApp também fará parte do arranjo, que tornará possíveis as transferências pelo aplicativo de mensagens.

2. O que é um iniciador de pagamentos?

Em serviços indicados como “iniciadores de pagamentos”, o consumidor dá a ordem para que a instituição financeira em que é correntista realize o pagamento diretamente ao lojista, sem a necessidade de acessar o aplicativo do banco, com débito em sua conta de depósito ou de pagamento.

Como consequência, são eliminados intermediários, como, por exemplo, o cartão de crédito.

3. Quando começa a valer?

Ainda não há uma data definida. As operações poderão ser feitas quando o WhatsApp disponibilizar a funcionalidade ao cliente, disse o BC.

Ao G1, o WhatsApp afirmou que está nos "preparativos finais".

Em junho de 2020, o aplicativo de mensagens chegou a anunciar o recurso, mas o BC e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) suspenderam o serviço. Na época, as autoridades disseram que ainda precisavam avaliar os riscos da modalidade.

Naquele anúncio, estava prevista a disponibilização de pagamentos para empresas e pessoas. Agora, o cenário mudou. O aplicativo afirmou que, em um primeiro momento, o serviço vai funcionar apenas para transferências entre usuários.

Os pagamentos para comércios devem ser "lançados posteriormente".

4. Quais bandeiras poderão ser cadastradas?

Mastercard e Visa.

5. É preciso ter conta em banco? Quais?

Sim, será preciso ter uma conta bancária, mas ainda não há a confirmação de quais instituições estarão habilitadas para as transações.

Em 2020, quando foi barrado, o serviço estava disponível apenas para o Nubank, o Sicredi e o Banco do Brasil.

Ao G1, o aplicativo disse que pretende lançar o serviço com mais parceiros, para expandir a cobertura para o Brasil.

"O serviço de pagamentos no WhatsApp é uma plataforma aberta para a participação de qualquer parceiro que cumpra os requisitos", afirmou.

6. Vai ter integração com o PIX?

A intenção do WhatsApp é integrar sua solução de pagamentos com o PIX, o sistema de pagamentos instantâneos da instituição do BC. Mas isso não deve estar disponível no lançamento das transferências no app.

"O aplicativo vai trabalhar com o BC para integrar o PIX aos pagamentos no WhatsApp. No lançamento, usuários poderão se cadastrar nos pagamentos no WhatsApp com um cartão de débito, combo ou pré-pago de algum dos bancos suportados ou parceiros de pagamentos", afirmou a empresa.

7. Qual empresa de serviços financeiros fará as transferências?

A informação ainda não foi divulgada.

No ano passado, a parceira para as transações era a Cielo. Em 2020, o WhatsApp havia dito que o sistema era aberto e disponível para receber futuros parceiros.

8. Por que o serviço foi barrado em 2020?

Em junho de 2020, o BC determinou que Visa e Mastercard interrompessem a função de pagamentos no WhatsApp para "avaliar riscos e garantir funcionamento adequado do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)".

Na época, o Cade viu potenciais riscos para a concorrência.

Na última terça-feira (30), pouco antes de anunciar a aprovação do sistema do WhatsApp, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que vê "um casamento entre mídia social e o mundo de finanças, controladores tem de entender como regular, enfrentar e o que significa para competição na sociedade".

9. Haverá tarifa? Quanto será?

O WhatsApp não deu detalhes se cobrará alguma tarifa nas transações. De acordo com o BC, a cobrança sobre as transações bancárias será definida pelo aplicativo.

Quando foi anunciado em 2020, o serviço não tinha taxas para o público em geral, mas previa cobrança de taxa fixa de 3,99% por transação aos comerciantes que utilizam WhatsApp Business.

Além disso, os empresários também precisariam ter uma conta Cielo para solicitar e receber pagamentos ilimitados, tanto de crédito quanto de débito, oferecer reembolsos e ter suporte técnico.

10. Qual o limite de transações? Em quais moedas?

O WhatsApp ainda não divulgou este detalhe. O aplicativo afirmou apenas que "o serviço possibilitará transações somente no Brasil e em moeda local".

No ano passado, os limites eram de R$ 1 mil por transação e R$ 5 mil por mês. Seria possível fazer até 20 transações por dia.

11. O Facebook Pay também foi aprovado?

Não. Os pedidos da Visa e da Mastercard para funcionamento dos arranjos de compra vinculados ao programa Facebook Pay seguem em análise.

Com esta funcionalidade, os mesmos dados de cartão cadastrados no WhatsApp poderiam ser utilizados em toda a família de aplicativos do Facebook.

Se aprovado, esse sistema vai permitir que as pessoas façam pagamento para empresas que usam a versão "WhatsApp Business".

Em dezembro passado, a companhia anunciou a chegada do carrinho de compras em conversas com lojas, sem oferecer as opções de pagamento.

12. O WhatsApp oferece transferências em outro país?

Sim. O recurso de pagamentos do WhatsApp já funciona na Índia, desde novembro de 2020.

Para enviar dinheiro pelo WhatsApp na Índia, é necessário ter uma conta bancária e um cartão de débito emitidos no país – são permitidas transações entre 160 bancos autorizados.

Fonte: G1.globo

Arnaldo Silva

Diretor-geral de jornalismo, colunista e repórter de política e municípios do Diário de Caraíbas.