Aposta para a Copa, quarteto da seleção pode ser desfeito para jogo decisivo

Sem render o esperado e ainda sob ameaça de uma desclassificação logo na primeira fase da Copa do Mundo, a seleção brasileira pode sofrer mudanças para o duelo contra a Sérvia, marcado para esta quarta-feira (27), às 15h (horário de Brasília), na Arena Spartak, em Moscou, pela última rodada do Grupo F.

Tite evitou antecipar se fará alterações, mas o setor que mais corre risco é o ofensivo. 

Em primeiro lugar no grupo, o Brasil tem apenas um gol de vantagem para a Suíça. Os dois têm quatro pontos.

Aposta para o Mundial, principalmente para os dois primeiros jogos contra adversários fechados, o quarteto formado por Willian, Coutinho, Neymar e Gabriel Jesus está em xeque.

Dos quatro, o mais questionado é o atacante Willian, que não teve uma boa atuação nas duas partidas, sendo que na última foi substituído no intervalo, algo incomum na era Tite.

Willian estava cotado para perder a vaga para Douglas Costa, que sofreu uma lesão muscular e está vetado pelo departamento médico sem previsão de retorno.

Sem a opção de um jogador de beirada que de amplitude e que é forte no enfrentamento (drible), o treinador pode optar por uma opção mais conservadora e que se mostrou eficiente durante as eliminatórias e amistosos até porque o Brasil tem a vantagem do empate diante dos sérvios para se classificar.

A postura do adversário e a necessidade do resultado também colaboraram. Ao contrário da Suíça e da Costa Rica, o rival desta quarta costuma congestionar o meio de campo.

Assim, Tite pode fazer a seleção voltar a jogar com três jogadores com características de marcação, mas que possuem qualidade no passe para sair jogando: Casemiro, Paulinho e Renato Augusto.

Essa foi a formação padrão utilizada por Tite durante as eliminatórias e que acumulou nove vitórias consecutivas, tirando o Brasil da sexta colocação para a classificação antecipada com quatro rodadas para a Copa.

Com os três jogadores, Coutinho deixa a faixa central do campo e ocupa o espaço de Willian. 

Assim, Paulinho, que também não rendeu o esperado e foi substituído nas duas partidas, teria mais liberdade para se infiltrar na área adversária, uma de suas principais características.

Ele poderia avançar mais porque jogaria ao lado de Renato Augusto, que ajudaria na marcação e na cobertura de Marcelo.

Desde a formação do quarteto, Paulinho ficou mais preso e não balançou a rede. Foi ultrapassado por Coutinho e hoje é o quarto goleador da era Tite, com sete gols.

O que pesa contra é a condição de Renato Augusto, que ficou no início do mês oito dias sem treinar em razão de uma inflamação no joelho direito.

Recuperado, jogou durante 23 minutos contra a Suíça. Diante da Costa Rica, não foi utilizado. 

Outra opção é o meio-campista Fernandinho, elogiado por Tite pela sua versatilidade.

"O Fernando remete a uma característica que tinha no Atlético-PR, que era sua no Shakhtar e que foi adaptada a uma função no [Manchester] City, mas que tem no seu DNA o passador, o articulador, o jogador do lado esquerdo que dá também um poder de marcação forte para uma liberdade do lado esquerdo para o Marcelo e para o atacante que estiver do lado esquerdo", disse o treinador recentemente.

O jogador do Manchester City atuou como titular contra a Alemanha e diante da Croácia, que tem um estilo semelhante ao da Sérvia.

Nas duas oportunidades, Tite escalou uma formação mais conservadora, o que deve ser uma tendência a partir das oitavas de final, quando enfrentará adversários mais qualificados e que proponham o jogo.

O volante também entrou na etapa complementar diante Suíça e Costa Rica.

No ataque, Firmino segue a espera de uma oportunidade. Assim como Fernandinho, foi o único reserva que participou das duas partidas. Ele, porém, foi utilizado em posições diferentes.

Contra a Suíça, substituiu Gabriel Jesus, enquanto no duelo diante da Costa Rica atuou como um meia no lugar de Paulinho.

Considerado pelo treinador um jogador versátil, o atacante é a sombra de Gabriel Jesus, que passou as duas últimas partidas em branco.

CAMILA MATTOSO, DIEGO GARCIA, LUIZ COSENZO E SÉRGIO RANGEL
SOCHI, MOSCOU (FOLHAPRESS)
Arnaldo Silva

Diretor-geral de jornalismo, colunista e repórter de política e municípios do Diário de Caraíbas.