Artesanato em palha de milho de Batalha atrai lojistas e público em exposição

Da palha seca do milho, o grupo de produções Andorinhas do Assentamento Flecheiras, localizado no município de Batalha, confecciona bolsas, sandálias, caixas e outras peças utilitárias e decorativas. As peças podem ser vistas na exposição realizada pelo Governo do Estado, através do Programa de Desenvolvimento do Artesanato do Piauí (Prodart), na Central de Artesanato Mestre Dezinho.

Segundo Jaqueline Melo, diretora do Prodart, essa ação tem como objetivo dar visibilidade à produção de artistas que trabalham no interior do Estado. “A proposta é dar evidência ao talento desses artistas e mostrar o que eles fazem em suas comunidades”, afirma.

As artesãs Antonia da Silva Veras e Maria do Socorro da Silva, que estavam representando o grupo formado por 10 mulheres, explicam que essa é a primeira vez que o Andorinhas faz uma exposição fora de Batalha. As peças, segundo elas, são produzidas na comunidade e só eram vistas por pessoas do município que visitam o centro de produção e as casas das artesãs.

As peças são bem elaboradas, feitas com material resistente. A bolsa, por exemplo, pode durar até anos. Já a sandália por ser mais friccionada dura menos tempo, mas tem resistência.

Segundo Antonia, tudo começou através de curso realizado pelo Sebrae há 11 anos. Daí, o conhecimento foi transmitido a outras mulheres. Do grupo inicial, apenas duas ou três que ainda mantém o ofício. “O restante do grupo é formado por pessoas que aprenderam a partir dessas primeiras artesãs”, diz Antonia, declarando que no grupo há sempre uma que busca e pesquisa novo design.

Nessa primeira exposição em Teresina, Antonia e Socorro estavam empolgadas, pois só em uma manhã, a visitação e a comercialização surpreenderam. “Além da boa comercialização foi importante a rodada de negócios, o contato com os lojistas e a troca de ideias com outros artistas”, conta Antonia, que vai deixar a cidade com novo planejamento para ampliar o mercado para comunidade.

Peças ganham colorido especial

As peças são resistentes, embora delicadas, coloridas e têm design moderno. Além da palha, elas usam sola, tecido, madeira, linhas. “Ainda tingimos algumas palhas com o cascudo, uma árvore da região, para dar um colorido especial e o resultado agrada ao público mais exigente”, comenta Socorro.

A produção ainda é reduzida, mas elas trabalham todos os dias e cada uma tem seu próprio estoque de peças. “Às vezes, recebemos encomendas e dividimos o trabalho com todas as integrantes do grupo”, diz Antonia, enfatizando que no momento, o que elas mais precisam é expandir a produção e fazer novos contatos com lojistas e empresários para que as vendas sejam mais regulares.

Na comunidade, o artesanato envolve toda uma cadeia de produção. A palha é adquirida junto aos agricultores. “Compramos a matéria-prima e também, às vezes, recebemos a doação de agricultores que cultivam o milho”, explica Socorro.

Segundo Antonia, a palha aproveitada na produção das peças é a que fica na parte mais interior do milho e quando ela é bem armazenada pode durar até três anos.

Segundo Jaqueline Melo, até o final do ano, outras exposições serão organizadas na Central de Artesanato Mestre Dezinho. “Já estão programadas mostras com as associações de Trançados da Ilha e Maria dos Agaves, de Parnaíba”, diz. Folha de Batalha