A religião na história de Batalha

Catequese, família, prestígio e poder. Quem já teve a oportunidade de ler a obra “Estação Longá”, lançada em dezembro de 2010, a respeito da história de Batalha percebe que as abordagens acerca da formação do núcleo de poder Batalhense e da constituição da própria sociedade, revela uma história que, assim como em todo o Piauí, ao longo do tempo não foge dessas quatro abordagens.

A respeito especificamente do primeiro aspecto, é notório para todo o povo Batalhense e para quem visita esta bela cidade, a riqueza histórica que é o patrimônio da memória religiosa do povo deste município, comportamento que é fruto do trabalho de uma das mais atuantes missões catequéticas do Brasil nos séculos XVII e XVIII: a missão Jesuítica da Ibiapaba.

Quem quer conhecer a história de Batalha, portanto, é fundamental compreender a atuação missionária de Padre Ascenso Gago, Padre Manuel Pedrosa, Irmãos Dantas, fundadores de Piracuruca, e até mesmo o Padre Antonio Vieira que também trilhou os caminhos dessa importante missão catequética. Diversos historiadores já pesquisaram e escreveram sobre esta importante missão, destacando-a com uma das mais importantes e duradouras do Brasil colônia. Lendo consagradas obras da historiografia confirma-se a forte marca missionária desse movimento e todos os pesquisadores são unânimes em afirmar sua eficiência e magnitude que permitiu fincar, definitivamente, raízes cristãs em nossa terra. Ou para quem prefere, não buscar no registro documental mas saudosamente, lembrar de quem passou nas ultimas décadas por Batalha, deve sempre recordar de vários nomes de Padres, Freiras, missionários que foram bem acolhidos, deixaram sua marca serão sempre bem vindos a Batalha.

A leitura, repito, é de fundamental importância para o entendimento de nossa história do ponto de vista catequético, mas ela apenas nos permite ter um entendimento mais amplo do processo e perceber que o resultado de nossa formação está nas páginas dos livros mas, principalmente, no que somos hoje. Aquilo que nos faz realmente batalhenses está, também, em nossas orações, nossos cantos, nosso comportamento, nosso modo de ser e viver, em quem somos, enfim. Na devoção revelada em novenas, missas e procissões, no orgulho de vestir-se de vaqueiro protegido em um gibão resistente por ser de couro e ter a benção insubstituível de São Gonçalo, na jóia ofertada no leilão ao padroeiro, no pedido ou no agradecimento por uma graça obtida, em pequenos gestos do dia-a-dia que nos faz batalhenses e são traduzidos e explicados pela nossa fé Cristã.

Na marca do povo Batalhense está impregnada o resultado de uma herança deixada pelas missões que dissemiram fortemente pelas terras do vale do longá os princípios e valores Cristãos há mais de trezentos anos. Olhando, portanto, a história de Batalha por este ângulo, é impossível dizer quem somos sem perceber o fato histórico do ponto de vista religioso. Valorizar nossa identidade cristã significa, nessa perspectiva, construir a paz, fortalecer a justiça, pregar a igualdade e, também, preservar a nossa memória.

Cleiton Amaral Rodrigues
Historiador