Cultura e o Patrimônio de Batalha: A memória em agonia

Esta semana acompanhei uma família batalhense a uma cidade histórica de Goiás, Pirenópolis. Essa cidade é uma das mais visitadas da região pelo seu aporte turístico e patrimonial, vem gente de todo o Brasil e exterior visitá-la. Os administradores e a população aproveitaram a vocação natural da cidade e transformaram isto em cartão postal. Os rios e cachoeiras são um atrativo oferecido por guias treinados, as Igrejas e casarões tombados e preservados, o artesanato local é riquíssimo, a cidade respira cultura através do comércio e festivais de musica, teatro, gastronomia etc. Eu e a família batalhense nos sentimos como se estivéssemos no centro histórico de Salvador ou Olinda. Isto me fez pensar no tão rico patrimônio cultural que temos em Batalha e que está sendo destruído ou esquecido. Não é a primeira vez que escrevo sobre este tema e que este site chama atenção para a preservação das belezas de Batalha. Nesses últimos dias vi varias notas sobre esta problemática. Lembro-vos que ano passado participei de um seminário internacional sobre patrimônio cultural oferecido pela UFPI e IPHAN em Teresina onde apresentei uma palestra e um artigo sobre o patrimônio batalhense.

A cultura batalhense merece uma melhor atenção por parte do administrador maior e, por parte da população carece de preservação e mesmo divulgação. A cultura não é só os festivais como o junino, os festejos dos padroeiros, a festa do bode. O patrimônio material vai, além disto, como os rios e cachoeiras, os sítios arqueológicos, os casarões antigos, esta parte da arquitetura batalhense é um problema gravíssimo, pois estão sendo destruídos, no tocante ao patrimônio imaterial há uma infinidade de manifestações como o folclore, as lendas, a poesia, a música, a crônica, a literatura em geral. Batalha tem tudo isto, só falta conhecer melhor e explorá-la. Batalha deveria ter uma área administrativa voltada para cuidar desta parte cultural, uma secretaria de turismo e cultura forte e organizada para traçar políticas e ações voltadas para a preservação e divulgação, transformando isto em turismo regional e quem sabe até nacional, despertando a vocação turística-patrimonial da cidade, trazendo recursos e investimentos. Ações como despertar a consciência preservacionista da comunidade, construção de um espaço cultural onde exponha o artesanato local, uma galeria permanente das imagens do patrimônio natural, museu, apresentações artísticas e culturais do município, incentivo à publicação da literatura local, entre outras. Talvez assim pudéssemos também fazer parte do calendário turístico e cultural do Piauí e do Brasil. Sem falar que os sítios arqueológicos com as pinturas rupestres, o complexo Bela vista com a sua floresta petrificada, o complexo Batalha de cima com a cidade perdida é uma questão a ser estudada e inserida neste roteiro turístico.

O patrimônio cultural de um povo é a sua própria história, se extinto é um povo sem historia, e sem historia é um povo sem memória, e sem memória é um povo fadado ao esquecimento e ao atraso. Como nos ensinou Pierre Norah e Halbawcks, os espaços culturais e patrimoniais são os espaços de nossa memória e de nossa história.

Valfrido Viana (Especialista em Historia Cultura /Historiador UFG)
valfridopi@yahoo.com.br